Dani Garcia

Dani Garcia

20 de fevereiro de 2013

Se reinventando...inspiracao!

Achei o texto inspirador....isso eh que saber se reinventar!! Ao mesmo tempo me deu uma tristeza pelo fato da Kodak nao ter tido uma atitude semelhante. Afinal, aprendi muito na Kodak.


RIO - Na entrada da imponente sede da Fujifilm, no centro de Tóquio, não há destaque nas vitrines para câmeras ou outro artigo fotográfico. Em exposição, está uma linha de produtos de beleza, coisa que em princípio não parece ter ligação alguma com a gigante japonesa que ajudou a revolucionar a história da imagem. Mas a Astalift é a nova menina dos olhos de uma empresa que foi obrigada a buscar novos negócios com a chegada da era digital, uma sentença de morte para os tradicionais filmes de rolo. A marca de cosméticos criada pela Fujifilm virou mania entre as japonesas. E, quando o assunto é pele de seda, elas costumam estar um passo à frente do resto do mundo.
Lançados em 2007, os cremes da Astalift se tornaram populares em tempo recorde, e hoje as embalagens vermelhas — simples e chiques — ganharam o respeito de quem busca novidades na guerra contra rugas e manchas. A fama se espalhou e já invadiu a Europa, principalmente por causa da tecnologia empregada nas fórmulas. Fundada em 1934, a Fujifilm aprimorou o processo da revelação fotográfica investindo em materiais antioxidantes, para que as fotos não perdessem a cor com o passar dos anos. As mesmas pesquisas foram adaptadas para combater o envelhecimento da pele, conquistando espaço no bilionário mercado dos cosméticos japoneses — o segundo maior do planeta, atrás apenas do americano.
Numa das concorridas lojas da Astalift em Tóquio, sempre localizadas em endereços nobres, as funcionárias enchem os consumidores de panfletos que mais parecem uma aula de química. A ideia é explicar — e é essa a estratégia de marketing da marca — que o principal componente do filme fotográfico é o colágeno e, por isso, a Fujifilm tem o know-how exigido para novas descobertas estéticas. As explicações técnicas também introduzem uma nova palavra no interminável vocabulário da cosmética: astaxantina, o antioxidante usado nos cremes da Astalift, que promete uma eficácia mil vezes superior à da vitamina E.
Com um imenso laçarote vermelho no pescoço, as vendedoras têm um visual retrô, mas o cenário das lojas é futurista. Num telão, o cliente pode ver sua imagem incluída num filminho sci-fi que mistura nave espacial com nanotecnologia e “tripulantes” com uma pele de gueixa.
— Este é o nosso best-seller. Vende muito aqui e também na China — avisa a animada vendedora, segurando um potinho de Jelly Aquarysta, um gel rejuvenescedor que se difere dos outros por sua cor avermelhada (US$ 130 a embalagem de 60 gramas).
Em apenas um ano, o produto, facilmente absorvido pela pele, vendeu mais de um milhão de unidades no Japão e mudou os rumos da Astalift. A empresa começou timidamente, fazendo entregas somente pelo correio, e hoje já tem sete mil pontos de venda no país. O sucesso do negócio, cujos números já passam dos US$ 100 milhões, levou a Fujifilm a se arriscar fora da Ásia, lançando a grife na Europa, em 2012. O rosto internacional da marca, a atriz Naomi Watts, ajudou a aumentar o bochincho em torno da linha, que já pode ser encontrada em endereços de luxo como a britânica Selfridges.
O Japão é visto como um modelo na indústria da beleza: o que faz sucesso no país acaba sendo frequentemente perseguido por outros mercados. Foi o que aconteceu com o multifuncional BB cream (blemish balm), que virou febre mundial depois de ter suas propriedades aprovadas pelas japonesas e também pelas coreanas, igualmente obcecadas pelo sonho da cútis perfeita. Mas a trajetória da Astalift não tem merecido destaque apenas nas listas de artigos considerados revolucionários pelos editores de beleza. A aposta da Fujifilm chamou a atenção de veículos especializados em negócios por ser um exemplo de corporação que soube se adaptar aos novos tempos.
A Fujifilm e a Kodak já travaram um duelo no universo fotográfico tão barulhento quanto o que envolve hoje a Apple e a Samsung na briga pelo domínio do setor tecnológico. Enquanto a primeira conseguiu enxergar que os filmes virariam peça de museu e diversificou seus investimentos, a segunda dormiu no ponto, ficou obsoleta e luta para escapar da falência

Jornal O Globo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário